Pearl Jam Portugal: julho 2010

1- DESESPERO

"Esgotou ???!!! como é que esgotou ? naaaa... não pode ter esgotado, é um festival como é que um festival esgota ? "

A notícia chegou "like a fist to the jaw". Pânico. Negação. Constatação de estupidez. Desespero. Procura da verdade. Desvalorização. Pânico... ALÍVIO ... obrigado !

2- REGRESSO A CASA

Ter a oportunidade de assistir a um concerto de Pearl Jam é para mim um regresso a casa. Sempre foi. Não, não é o Rock que volta renegado, não é banda que regressa ao aconchego de cidade pequena que sabe receber, sou eu, somos nós que regressamos, na dimensão das nossas memórias, dos nossos fantasmas, de todos aqueles Jeremys aprisionados nas frustrações de uma geração "Not for You". Surgem os vultos de amigos, de amores, de oceanos turbulentos de ondas familiares, os cheiros das modas, os acordes que despertam o irracional pequenino que queria mudar o Mundo...

A ideologia desconstruída de crescermos juntos numa identidade colectiva desconcertante mas terapêutica.

3- ESTÓRIAS

As peregrinações à capital têm sempre pequenos detalhes que ficam para estória... o eléctrico para o Restelo, as imperiais na Portugália, o hotel de 4 estrelas, o Campo Pequeno ali ao lado, o Metro em sentido inverso, a miúda que apostava que eu não sabia "aquela"... curiosamente sempre o Sol e a luz... sempre a cidade branca...as pessoas sem cara... e o Tejo sempre a meter-se com o mar...
Sem excepção, com o nervoso miudinho de um regresso às aulas, a companhia de sempre:

"- Eles hoje vão abrir com esta !" - risos... esses vendidos, agora é só festivais..."

A feira popular com neons amigos do ambiente mas sem roda gigante ali estava, como me lembrava dela. Com um vulto capitalista a piscar o olho à geração errada a cada esquina. À entrada a constatação da multidão...

"- Isto não pode ser bom... não vamos ver um #aralho !"

No palco já se ouviam os "coisos".

"- A seguir aos coisos é Gogol, depois Pearl Jam..."

Visita de reconhecimento: tronos de porcelana, matrecos, palco B, lojas, comida, pessoas estupidamente bronzeadas, preços exorbitantes... tudo na mesma... mas maior...
Encontram-se aquelas pessoas que não víamos desde a 4ºclasse...

"-Então? por aquí ? pois, Pearl Jam... é... pois...gostei de te ver..."

Banda sonora Gato Preto Gato Branco sem coleira em loop... sempre a olhar para o relógio...
Expectativa... ansiedade, seguida de nova constatação de excesso de pessoas:

"- A culpa é do #abrão dos ídolos !"

À hora marcada surgiu o pianinho... vai começar... amontoam-se as emoções, vislumbram-se as expressões de sempre, o brilho nos olhos, o sorriso cúmplice...

4- MAIS DO MESMO

"- RELEASE !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! não acredito que eles abriram com o Release !!!! LINDOOOOOOOO !"

E o tempo soltou-se, as pernas largaram os pés, os braços girassol ergueram-se procurando os acordes de luz e a noite tornou-se mágica...

Clássicos bem regados, novas sonoridades que se tornam recorrentes, discursos sentidos, empatia, música, rock, libertação, regresso a casa, hinos emocionados, sing alongs, surpresas, magia... mais do mesmo... mais, do mesmo...

O rock serve-se assim, adulto, mas com raízes gravadas na imaturidade rebelde de um puto que já sabe o que quer...

Pearl Jam - Algés - Oeiras Alive 2010